Caramujos Zumbis - Adelice Souza

   Hello again :D
   Mês passado eu falei sobre o livro do autor carioca Francisco Slade, "(fantasma)" e hoje vou falar de "Caramujos Zumbis".

   Esse é o segundo livro da autora baiana (minha conterrânea), Adelice Souza. Assim como no primeiro livro, Camas e Cães (2001), Caramujos Zumbis é uma curta coletânea de contos; todos eles são diretos, sem muitos floreios e guardam sua beleza dentro das coisas mais banais e comuns da vida, o que, convenhamos é algo bem difícil de se fazer. Toda palavra ali tem sua razão de ser.

 

   Talvez a melhor habilidade da Adelice seja transformar um detalhe qualquer do nosso cotidiano num absurdo; é como quando você repete a mesma palavra várias vezes: de tanto repetí-la, ela começa a soar estranha, com as sílabas supostamente trocadas, ou até viram palavras novas. Só que essa técnica de repetir é muito enfadonha e os contos de Caramujos Zumbis são tudo, menos enfadonhos.

 

   Outra característica forte é quanto a duplicidade dos personagens; "Nasceram duas, mas eram uma", como diz a primeira frase do conto "As escravas gêmeas", primeiro conto, talvez sirva como uma introdução dos textos que se seguem até o final do livro. Em todos eles, ela explora a contradição presente dentro de seus personagens e, mais do que isso, também a vontade que esses personagens sentem em expôr esses milhares de tons que guardam dentro de si.

   Entre meus contos favoritos estão "O Ensaio", onde todo o erotismo do texto pode ser sentido apenas no ato de olhar e de ser olhado; "Aquele cado de amor da moça com o touro", que é uma história pela qual eu me apaixonei e também me apaixonei pela forma que a Adelice escreve os diálogos; e o próprio "Caramujos Zumbis" que fecha o livro lindamente.

 

Taí a dica, até mês que vem ;D