16 de abril de 2013

Capítulo 5 - Tudo dando errado...


                                     
       Rodrigo estava indignado por seu despertador não ter tocado em plena Segunda-feira. Nunca havia se atrasado para o trabalho, mas isso o deixou nervoso. 
Temia perder o emprego que conseguiu com tanto esforço.
Nunca chegou a fazer nenhuma faculdade, apenas um curso de Web Design e com muita prática no seu tempo livre acabou se aprimorando e chamou a atenção da empresa onde atualmente trabalha.
       Sua vida se interliga entre o trabalho e a música. Um para ocupar a sua cabeça de lembranças indesejadas e o outro é como uma terapia para os sentimentos que tanto brigavam entre si.
       Trancou rapidamente a porta do apartamento olhando para o relógio do pulso sem parar. Entretanto, assim que chegou na garagem as coisas pioraram. Sua moto não ligou, tentou e tentou, sem resultado. Deu um chute nela revoltado por tudo estar dando errado naquele dia. Droga, droga, droga...
       Voltou para o seu apartamento e ligou para a empresa informando que tivera um imprevisto e que chegaria atrasado. Chamou um táxi e trancou novamente a porta, o celular tocou, olhou para o visor e ficou desacreditado ao ver de quem era a ligação. Continuou olhando, apenas para constatar que seus olhos não o estavam enganando. Não sabia o que pensar e nem o que fazer, apenas continuou andando até o elevador. No entanto, como estava concentrado em seu mundo interior não percebeu que alguém havia acabado de virar o corredor em sua direção. Ambos com o celular na mão, ambos distraídos e ambos se trombaram. 
O café quente derramou-se sobre Rodrigo, frutas e verduras que estavam organizadas na sacola foram espalhadas por todo o corredor.
Os dois ficaram paralisados e então se encararam furiosos. 
_ Pelo jeito o corredor é muito pequeno para nós dois – Resmungou a moça recolhendo suas coisas.
_ E seu café não está nada quente – Exasperou abanando a camiseta molhada, sentindo a dor da leve queimadura daquele líquido quente. 
Rodrigo pegou o celular que havia caído ao chão e olhou de relance para aquela jovem percebendo que não precisa de ajuda com suas compras.
       Entrou de volta ao apartamento ainda mais nervoso. Jogou a chave em cima da mesa, tirou a camiseta molhada e ligou o chuveiro. Respirou fundo para se acalmar daquele dia que estava ficando cada vez mais agitado. Afinal, o que ainda poderia acontecer? 
       Já passava das dez. Decidiu ir ao trabalho depois do meio-dia. Não iria compensar sair do apartamento àquela hora. Enxugou seu cabelo e ligou o som, aumentando ao máximo, uma forma de extravasar aquilo que estava dentro dele.
       Era sempre muito contido e tinha horas que isso o deixava irritado. Não era desse jeito, mas há mais de um ano tornou-se um homem que nem ele mesmo conhecia. E sem que percebesse isso o estava desgastando.
Fez arroz com ovo no almoço e foi apenas nessa hora que desligou o som, prestando atenção aos noticiários da TV. De repente o celular ao seu lado tocou. Estranho, não era o seu toque. Olhou para o visor, novamente achou estranho, não lembrava daquele nome. Afinal, quem era?
Deu de ombros e atendeu a ligação, era o único jeito de descobrir.
_ Alô!
Ouve silêncio do outro lado da linha. Rodrigo achou esquisito _ Alô, tem alguém ai?
Perguntou intrigado com aquilo _ Alô, alô, alô...
Ninguém respondeu, apenas ouvia levemente uma respiração do outro lado da linha.
Desligou o celular indignado. Dia perfeito!
       Pela terceira vez trancou seu apartamento e foi em direção ao elevador.
Ficou atento a tudo ao seu redor, não queria que ninguém o derruba-se, nem algo parecido. Era como se aquele fosse um dia em que tudo de ruim poderia acontecer. Finalmente... Entrou no elevador. Apertou o T do térreo e a porta foi se fechando. Faltando apenas poucos centímetros uma mão feminina a interrompe fazendo-a abrir novamente. Rodrigo e a jovem se encaram sem nada a dizer. Era a mesma moça de antes, cabelos liso, negro e brilhante e olhos castanhos escuros que chamavam a atenção.
Ela hesitou um momento, então ele disse secamente _ Tem espaço suficiente para nós dois.
Sem dizer nada, além se sorrir sarcasticamente ela entrou.
       Naquele silêncio desconhecido o elevador foi descendo, mas novamente parou.
Um jovem de olhos verdes entrou, parecia um pouco perdido. Sorriu para os dois no elevador, mas logo recolheu o sorriso ao observar os rostos sérios de ambos. Ficou quietinho apenas deixando a porta se fechar.
       Rodrigo bufou e olhou para o relógio. Duas senhoras entraram e alguns andares abaixo desceram e então uma jovem entrou. Isso é o que dá querer morar no último andar. Estava ficando impaciente como há tempo não ficava. Não sabia o porquê, ficava assim sempre que... Ah, lembrou-se da culpada. Tudo aconteceu depois da ligação que recebeu de manhã. Claro, tinha que ser culpa dela mesmo.
Era estranho, sempre que recebia sua ligação seu dia parecia virar uma desgraça.
       De repente houve um forte barulho e tudo ficou escuro.
Um silêncio pairou no elevador deixando-os assustados.
_ Droga! – Rodrigo bufou e pegou seu celular. Com a luz dele achou o botão de emergência e apertou. Segundos depois as luzes de emergência ascenderam.
_ O que aconteceu? – O jovem dos olhos verdes perguntou confuso.
_ Algum problema no elevador. Mas logo alguém vem resolver.
Instante depois um celular tocou. Rodrigo tinha certeza que era o seu, mas não havia nada em seu visor.
_ Alou! É a Mel. Quem é? Não conheço nenhum Rodrigo... Ah, espere ai.
Pela primeira vez fitou-o e entregou o celular.
_ Trocamos os celulares.
Rodrigo arregalou os olhos e atendeu o seu celular ainda confuso. 
Assim que desligou aquela chamada verificou as ligações e ficou paralisado ao ver o nome daquela sem noção.
_ Vo..Você atendeu a ligação...
_ Ah sim, uma tal de Rebeca ligou, mas parece que ela ficou muda quando atendi. 
Rodrigo continua a olhar para aquela moça. Não sabia se ficava zangado por ela ter feito aquilo, mas... Que mal ela fez?
De repente sem que ninguém entende-se ele abriu um sorriso que pareceu iluminar aqueles olhares tristes dentro do elevador. Sentiu-se vitorioso naquele momento.
_ Perfeito!

3 comentários:

Rita M. Cardoso disse...

Amei o capítulo, de verdade, ficou muito bom.

Estou aqui pensando como vou escrever meu próximo capítulo. rsrsr...

Parabéns!

Vinícius Cannone disse...

A confusão está formada. Tem tantos celulares iguais por aí. Foi uma boa estratégia.

Vinícius Cannone disse...

A confusão está formada. Tem tantos celulares iguais por aí. Foi uma boa estratégia.

 renata massa