Dora não podia acreditar no que estava acontecendo.
Logo agora que as coisas estavam se ajustando em sua mente seu pai tinha que
aparecer e trouxer de volta todos aqueles sentimentos ruins que ela tinha
procurado esquecer e se já não bastava toda a situação com Caio. Tinha segurado
o que deu, mas ao entrar em seu apartamento após ter reencontrado o homem que a
abandonou não conseguiu conter o choro. Tentou abafar colocando a mão na boca,
porém a dor era tanta que estava descontrolada. Juliano e Melody apareceram na
sala tentando conforta-la e perguntar o que havia acontecido e eles só
conseguiram ouvir ela resmungar aos prantos palavras como vagas como pai
apareceu, Caio beijou. Juliano não sabia nada da história, mas juntou tudo e
compreendeu o que estava acontecendo. Melody estava nervosa com tudo que estava
acontecendo e não sabia o que fazer e foi dar uma volta no corredor. Juliano
muito prestativo e eficiente conseguiu acalmar a Dora. Como a garota trabalhava
só mais tarde Juliano sugeriu que ela dormisse um pouco para descasar as ideias
e foi o que ela fez. Conseguiu dormi umas três horas, entretanto ainda estava
abatida com os últimos acontecimentos. Levantou-se e desolada olhou para os
lados – parecia que tinha chorado por horas – Tentou se levantar, mas estava
desanimada, tudo que ela queria era poder deitar e não acordar mais. Receava
que as coisas pudessem ficar piores, porém afastou tais pensamentos e se
levantou, arrastou os pés até o banheiro e acendendo a luz fitou seu reflexo no
espelho como sempre fazia.
─ Ele não pode ficar interferindo em minha vida. Ele
não tem direito nenhum sobre mim. Afinal das contas... – Orientou-se - Ninguém
tem. Eu vou fazer o que eu quero. – Falou pra si própria decidida. Terminou de
arrumar e foi buscar a Carol. Na saída da escola as duas decidiram tomar um
sorvete. Compraram um milk-skate na sorveteria perto da escola e foram para a
pracinha mais próxima sentarem em um banco.
Dora queria muito falar com a menina que sorrindo
deliciava seu sorvete.
─ Carol, eu preciso conversa seriamente com sua mãe,
mas... – Falou pausadamente refletindo no que iria dizer ─... Mas, eu não
poderia conversa com ela antes de falar com você. Você se tornou tão importante
pra mim que o que vou dizer não é tão fácil. Ela gostaria de não ter que fazer
isso, entretanto não tinha outra escolha. Já era hora de dar um novo passo para
seu futuro.
─ Pode falar. ─ disse a garotinha toda inocente que
fez Dora dar um sorriso fraco.
─ Olha, desde quando eu comecei a trabalhar a única
coisa que fiz foi cuidar de criança e de todas essas crianças que eu cuidei a
que me deu mais medo de continuar neste trabalho foi você – Carol arregalou os
olhos e riu por ser temida – Por um lado foi por que você não queria babá e
pensei que faria qualquer coisa para eu desistir do empego e depois de ver que
você tomou conta do meu coração o meu maior medo é de não poder mais ser sua
babá.
─ Como assim? – Carol perguntou surpresa.
─ Carol... eu não vou cuidar mais de você. – Sua voz
embargou neste momento e as lágrimas começaram a descer – Não é que eu não
queira estar perto de você, mas chegou a hora de eu buscar algo novo pra mim.
Eu não sei se você entende...
─ Eu entendo. – Carol interrompeu sua babá – Só não
quero. – jogou o copo de milk-shake no chão e saiu correndo chorando.
─ Carol! – Dora levantou-se gritando. A babá catou o
copo do chão e jogou no lixo junto do seu e correu atrás da menina. Felizmente
a garotinha correu para o balanço do parquinho ali na praça. Dora chegou e
sentou-se no balanço ao lado do dela e as duas ficaram juntas em silêncio
fugando o nariz. Carol gostava muito da babá e não consegui esconder a tristeza
de ver que estava perdendo-a.
─ Uma vez falei pra minha mãe que você era a melhor
babá e que eu gostava tanto de você e ela me alertou que você não ficaria pra
sempre. - A garotinha revelou triste e se balançou levemente – Eu sabia que
esse dia iria chegar, mas não pensei que fosse tão rápido. – Confessou
olhando-a de lado – A gente ainda vai ser amiga e você vai me visitar?
─ É claro minha linda. – Dora respondeu mais feliz –
E você pode ir ao meu apartamento a hora que quiser, é claro, quando eu estiver
lá. – Carol sorriu e saiu do balanço e foi até a babá e deu lhe deu um abraço.
Mesmo triste as duas se convenceram e Carol compreendeu a situação da babá.
─ É o seguinte. – Dora puxou Carol para olha-la nos
olhos – Eu tenho que estudar e muito, pois eu quero prestar vestibular, então
eu tenho que ir à biblioteca pegar alguns livros. Você vai comigo?
─ E eu tenho escolha? – Carol indagou sorrindo.
─ Touché.
─ O que é isso. – A menininha perguntou curiosa.
─ Significa tocado em francês. É o reconhecimento de
um golpe, dito pelo esgrimista que foi golpeado. – Explicou a babá.
─ Ah. – Impressionou-se Carol.
Chegando à biblioteca Carol sentou-se e foi ler uns
livros infantis ilustrados enquanto Dora se desdobrava para encontrar os livros
que precisava. Estava irritada com a bibliotecária que nem se levantou para
ajuda-la a encontrar o que ela queria. Depois de meia hora em sua busca
conseguiu encontrar um dos livros que queria. O livro era grosso e estava bem
preso aos outros e a garota teve que fazer muita força para conseguir
arranca-lo. Puxou com tanta força que quando conseguiu tira-lo o livro bateu na
cara de quem passava atrás dela.
─ Ai...
─ Me descul... – Dora se virou desculpando-se no
mesmo instante que ouviu o rapaz resmungar.
Totalmente sem graça Dora fitou o rapaz de olhos
verdes. Não sabia se sentia alivio ou raiva por ver Caio ali.
─ Tudo bem. Eu sei que foi sem querer. – Analisou
Caio – Encontrei-me com Carol e ela me disse umas coisas sobre você não cuidar
mais dela. – Caio olhou para ela e percebeu que ela tinha os olhos tristes – Poxa
vida, Dora. – Ele sabia que essa tristeza era em parte dele – Eu preciso conversa
com você sobre o parque...
─ Não. – Dora o interrompeu negando com a cabeça –
No momento eu não quero saber de mais nada. Abraça-me Caio. – Disse ela se
entregando aos braços dela e ele a envolveu nos seus braços. – Por favor,
esquece o que aconteceu e continua sendo meu amigo. – Ela segurou no rosto dele
e olhou nos olhos dele – Eu preciso de você.
Caio manteve o silêncio até Dora se sentir melhor para conversa. Ele não sabia se era uma boa ideia não resolverem o beijo do parque, mas como Dora estava enfrentando tantos conflitos preferiu esperar outro momento.
Caio manteve o silêncio até Dora se sentir melhor para conversa. Ele não sabia se era uma boa ideia não resolverem o beijo do parque, mas como Dora estava enfrentando tantos conflitos preferiu esperar outro momento.
─ Então? – Dora recompôs-se e soltou Caio ─ O que
faz aqui?
─ O mesmo que você. – Ela olhou-o confusa – Livros
pra estudar. – Ela fez sinal de que entendeu. – Como sugeri a gente pode
estudar junto.
─ Ok. – Concordou ela.
≈ • ≈ • ≈
Quando Marta mãe de Carol chegou Dora teve a conversa decisiva com ela e
ficou acertado que Dora ficaria só mais duas semanas com Carol e depois disto a
própria Marta tomaria conta da filha, a mulher recentemente descobrira que
estava grávida de dois meses e era de risco, então o médico orientou que
ficasse mais em casa e tomasse os remédios receitados.
Dora ficou aliviada de saber que Carol não poderia estar em mãos melhores
do que a própria mãe e de certa forma sentiu saudades da sua e deixou algumas
lágrimas saírem dos seus olhos. Antes que entrasse em seu apartamento Dora
secou as lágrimas e Rodrigo apareceu no mesmo instante. Dora olhou-o e deu um
leve sorriso e segurou na maçaneta da porta do seu apartamento.
─ Espera Dora. – Rodrigo a deteve segurando em seu braço fazendo com que
a garota o olha-se o entranhando – Eu gostaria de conversa com você. –Falou
cuidadoso.
─ Ai, Rodrigo vai ter que deixar pra outra hora, outro dia. Meu dia já
foi cheio e eu estou esgotada. – Confessou nervosa e foi logo entrando
deixando-o no vácuo. – Até mais.
Qual é a dele? – Pensou ao entrar.
Ela não estava com fome e não queria falar com mais ninguém, se trancou
em seu quarto, tomou uma ducha e adormeceu. Ela realmente precisava dormi um
pouco do que de costume, sabia que se ficasse acordada ficaria remoendo tudo e
acabaria chorando. Dormiu repetindo pra si mesma que aquilo tudo iria passar.
≈ • ≈ • ≈
Dora levantou-se cedo escovou os dentes e foi até a cozinha. Lá se
encontrou com Melody que tomava seu café calmamente.
─ Bom dia. – Cumprimentou Dora.
Melody sabia que se perguntasse para a amiga se ela estava bem ela
piraria, pois por pouco tempo que conhecia Dora sabia que ela detestava o
cuidado que as pessoas tinham com ela. Dora sorriu para a amiga em resposta e
logo em seguida ouviu baterem na porta.
─ Eu atendo. – Disse saindo da cozinha.
Dora abriu a porta e deu de cara com Rodrigo.
─ Como você está? – Rodrigo perguntou preocupado com sua mais nova
recente irmã.
Dora olhou-o desconfiada, estranhou a súbita visita matutina do rapaz.
─ Estou bem. – respondeu com os olhos semicerrados.
Rodrigo percebeu o desconforto da garota e tentou relaxar e procurou retirar
a tensão entre eles.
O que será que ela está pensando? – É o que ele pensava aflito.
─ Fiquei preocupado no outro dia... Com tudo que está lhe acontecendo
e... – Ponderou suspirando – Eu ouvi você chorar. – Disse olhando nos olhos dela
o que a deixou mais inquieta.
─ Já passou. – Disse em um tom fraco – Quer tomar café com a gente? –
Ofereceu recobrando o animo e pegando-o pelo braço e ele a seguiu como se não
tivesse escolha, mas seus pensamentos recusavam na ideia de se encontrar com
Juliano.
Ao chegar à cozinha encontrou apenas Mel degustando seu café da manha e surpresa com a presença de Rodrigo. Dora percebeu a reação da amiga e procurou uma desculpa.
Ao chegar à cozinha encontrou apenas Mel degustando seu café da manha e surpresa com a presença de Rodrigo. Dora percebeu a reação da amiga e procurou uma desculpa.
─ Caio acordou atrasado e não preparou o café dele, então já sabe né.
Vizinhas boazinhas geram amigos folgados. – Disfarçou o incomodo que o Rodrigo
estava causando. – Eu vou ao quarto pentear meus cabelos e pegar meus óculos. –
Disse saindo.
Dora saiu e cruzou com Juliano na sala. Sorriu cumprimentando-o e fez uma
careta ao passar por ele sabendo que vai dar confusão quando este chegar à
cozinha, porém preferiu não se meter e continuou em direção ao seu quarto.
Depois iria se explicar com Mel, pois o seu namorado entre aspas estava muito
preocupado com ela.
Juliano cruzou os braços num estado de fúria ao entrar na cozinha.
Juliano cruzou os braços num estado de fúria ao entrar na cozinha.
─ Sente-se Rodrigo. Não vai comer de pé, ou vai?! – Propôs Mel sorrindo
sem perceber a presença do irmão.
Rodrigo sério fitou Juliano fazendo com que Melody percebesse e virou-se
para encarar o irmão.
─ O que ele está fazendo aqui? – Indagou nervoso olhando para sua irmã.
Rodrigo o confrontou com um olhar.
Rodrigo o confrontou com um olhar.
─ Não se preocupe que eu sei responder. E dessa vez meu assunto é com a
Dora e não com a Mel. – Falou no mesmo tom de Juliano.
Juliano o olhou mais bravo ainda.
─ Você não acha que ela já está passando por uma barra pesada para você
vir irrita-la mais ainda? – Indagou Juliano bem agressivo.
─ Não é da sua conta. – Rodrigo disse na defensiva.
Mel estava paralisada com aquela fúria toda daqueles dois.
─ Gente a Dora vai ouvir vocês. – Mel falou preocupada.
─ Como assim não é da minha conta?! O que se tratar do bem estar da Dora
e da Mel é da minha responsabilidade. Eu sou o homem desta casa. – Esbravejou
Juliano.
Mel levantou-se e foi até a porta na tentativa de ver se Dora não estava vindo para ouvir a discursão dos dois.
Mel levantou-se e foi até a porta na tentativa de ver se Dora não estava vindo para ouvir a discursão dos dois.
─ A Mel pode até ser da sua conta, entretanto a Dora é de minha
responsabilidade. Então não se intrometa. – Rodrigo disse tentando finalizar o
assunto.
─ Ah tá, sei – Disse com um sorriso sarcástico. – Eu não vou permitir que
você ou o Caio machuque ainda mais a minha irmã ou Dora por isso eu peço que se
afaste delas. ─ Falou sério.
─ Coisa impossível de fazer... – Juliano olhou curioso querendo entender
o porquê era impossível. ─ Juliano... – Rodrigo disse mais calmo – a Dora é
minha irmã.
≈ • ≈ • ≈
Dora voltou a cozinha e a ira havia sido dissipada, porém Melody não
estava mais ali.
─ Cadê a Mel? – Perguntou olhando de Rodrigo a Juliano.
─ Ficou irritada e foi trabalhar. – Juliano respondeu cruzando os braços
e
Rodrigo manteve o silêncio.
─ Vocês dois estão tirando qualquer uma do sério. – Comentou demostrando
a própria ira.
─ Eu? É ele. – Os dois falaram juntos apontando um para o outro fazendo
Dora revirar os olhos.
O celular de Dora tocou e ela analisou o numero desconhecido e fez sinal
para os dois ficarem em silêncio.
─ Alo? – Atendeu.
─ Oi, Dora. – A voz do outro lado era conhecida – Filha sou eu. Seu pai.
Dora deu uma risada sarcástica.
─ Meu dia não poderia começar melhor. –Ironizou – Quem te deu meu número?
– Perguntou brava.
Rodrigo e Juliano se entreolharam sabendo de quem se tratava.
─ Me responda. – Ordenou Dora incomodando-se com o silêncio de Augusto.
─ Foi o Rodrigo... – Após ouvir o nome do amigo, Dora desligou o
telefone.
Respirou tentando manter a calma.
─ Tudo bem, Dora? – Perguntou Rodrigo se aproximando.
─ Não está tudo bem e não toca em mim. – Falou quase gritando e se
esquivando de Rodrigo – Qual é o seu problema Rodrigo?
Juliano saiu para seu quarto deixando os dois à sós.
─ Só quero o seu bem Dora. Preocupo-me com você. – Disse em um tom
afetuoso.
─ Faz o favor pra mim?! – Pediu mais calma e Rodrigo fez um sinal com a
cabeça – Para de se preocupar comigo.
─ Não dá. – Falou mantendo a calma, ele sabia que não era uma boa hora
pra contar a verdade – Você é muito importante pra mim. Você é minha amiga.
─ Por favor, Rodrigo. – Dora fechou os olhos se acalmando – Sai daqui de
casa. Você já está exagerando.
Rodrigo acenou com a cabeça.
─ A gente conversa outra hora. – Ele falou saindo.
Era só o que faltava. Não bastava Augusto ter o endereço dela agora ele
tem seu número de celular e tudo culpa do cara que se diz seu amigo e que está
agindo de forma estranha com ela nesses últimos dias.
Dora precisava ir ao café e conversa com Mel. Com certeza a amiga estava
brava pela insistência de Rodrigo com ela e a garota tinha que se explicar.
Chegando ao café Dora puxou Melody para as mesas do fundo.
─ A gente precisa conversa. – Principiou cautelosa.
─ Conversa sobre o que Dora? – Para Dora Mel agiu como se não estivesse
acontecendo nada. – E logo agora?!
Dora olhou em volta e não havia quase ninguém na cafeteria e os que
tinham já estavam servidos.
─ É importante. – Dora objetivou – Eu não sei se você percebeu o jeito do
Rodrigo e de como ele está tão preocupado comigo. Eu sei que somos amigos, mas
ele está exagerando. – Falou com cautela – Eu só quero que saiba que não tem
nenhum interesse da minha parte nele. Agora não sei o que deu nele. – Dora
cruzou os braços.
Melody riu da amiga pensando que o motivo de Rodrigo se preocupar com ela
era por ele sentir algo a mais e o fato mesmo é que ele tem o carinho de um
irmão por ela, porém não seria certo Mel contar a verdade.
─ Dora... – Mel colocou a mãos sobre o ombro da amiga reconfortando-a –
Não se preocupa, ele só quer te ajudar assim como o Caio, Juliano e eu. Ele se
importa com você como nós.
─ Mesmo assim... – Dora parou ao ver que Mel sorria ao olhar para porta.
─ Tenho que ir. Faço questão de atender aquelas clientes. – Disse Mel deixando
a amiga sozinha.
─ Ok. – Conformou-se e se virou para ver quem seria as clientes e não
acreditou no que viu. – Mel. – Chamou a amiga baixinho só que era impossível a
amiga ouvir.
Dora se sentia inferior àquela mulher e não queria ter que se encontrar com ela novamente e o pior de tudo é que desta vez Luísa estava acompanhada. Antes que as duas se virasse em sua direção Dora se sentou escondendo-se.
Dora se sentia inferior àquela mulher e não queria ter que se encontrar com ela novamente e o pior de tudo é que desta vez Luísa estava acompanhada. Antes que as duas se virasse em sua direção Dora se sentou escondendo-se.
E agora como sairia dali?
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