29 de outubro de 2013

Capítulo 33 - O que aconteceu?

Uma história em quatro mãos - Laços do coração


                       Rodrigo ficou parado, pensativo enquanto tentava tomar uma xícara de café.
Faltava menos de uma hora para o jantar com seu “querido cunhado” e Mel.
Já havia tomado banho mais cedo, estava pronto para sair. Mas algo o deixou apreensivo. Estava tentando entender o que. Será que era esse jantar de “amigos”?! Não gostava da ideia desse jantar, concordou apenas pelo bem de Mel, mas ao mesmo tempo odiava agir com falsidade e não queria que isso o afasta-se dela.
Por um momento pensou que sim, mas quando finalmente largou sua xícara de café já fria, um pressentimento tomou conta do seu ser. A única pessoa em que ele pensou foi Mel, apenas Mel e mais ninguém e saiu desesperado por sua procura.

* * * * *

Rodrigo estava impaciente, andava de um lado para outro. Ninguém atendia o celular. Não conseguia falar com ninguém. Caio estranhamente não passou a noite em casa e suas ligações caiam na caixa postal e Dora, sua irmã também havia sumido. Aonde ela estava? E Mel? Será que aconteceu algo com elas?
O que estava acontecendo? Ninguém atendia o celular. Ele respirou fundo por um momento tentando manter-se no controle da situação embora nem soubesse o que fazer ou como agir.
_ Rodrigo! A Mel e o Juliano... – Dora entrou correndo pela porta assustando-o.
Ficou aliviado em ver sua irmã. Sem dizer nada a interrompeu e abraçou-a fortemente _ Onde você estava? Cadê a Mel?
Dora rapidamente o afastou dele _ Pare com isso.
_ Só quero saber se você está bem. Passou a noite toda fora, aliás todo mundo até o Caio – cruzou os braços a encarando seriamente _ Vocês estavam juntos? E cadê a Mel?
Dora arregalou os olhos e protestou _ Qual é o seu problema? Me deixa em paz. Se eu estiver com Caio ou com quem quer fosse é problema meu.
Rodrigo ficou assustado pelo tom exasperado da voz de sua irmã. Imediatamente venho à sua memória o comentário de Mel sobre o que Dora estava achando do seu cuidado excessivo.
_ Desculpe Dora – respirou fundo tentando contornar a situação _ Você é como uma irmã para mim, por isso que me preocupo tanto. Aliás na verdade...
Nesse momento Caio apareceu interrompendo a conversa dos dois.
_ Ah... Bom dia! – Disse sem graça.
Dora e Caio se olharam por um momento. Foi rápido, mas o suficiente para Rodrigo perceber que alguma coisa havia acontecido, pois sua irmã de repente ficou vermelha e não o encarou mais.
_ A Mel e o Juliano desapareceram – Dora voltou ao assunto principal ignorando seus sentimentos e aquele momento confuso e estranho.
_ Estou tentando ligar para eles desde ontem a noite. Não consegui entrar no apartamento.
_ Como assim? – Caio voltou a realidade.
_ Venha aqui ver – Dora os conduziu ao seu apartamento, e mostrou o quarto de Mel. Abriu o guarda-roupa, estava praticamente vazio. Outras coisas que estavam em sua mesinha de canto também haviam sumido.
Rodrigo ficou sem reação ao ver aquela cena. Tudo parecia se tornar ainda mais real do que já era. Mel havia sumido... Quer dizer, levou suas coisas. Então... Será que ela decidiu ir embora? Mas... sem dizer nada para ninguém?
Rodrigo abanava a cabeça não acreditando naquilo que seus pensamentos pareciam querer dizer. Não podia ser verdade. Mel não faria uma coisa dessas com ele. Faria?
Com muito esforço, respirou fundo e perguntou friamente _ Não tem nenhuma carta? Você procurou em tudo? Ela não pode simplesmente ter ido embora sem falar nada.
Dora se compadeceu da tristeza de seu amigo, rapidamente vasculhou o apartamento à procura de alguma coisa que Mel tivesse deixado. Rodrigo tinha razão, ela não podia ter ido embora assim, sem mais, sem menos. Pelo menos uma cartinha, um bilhete, alguma frase, qualquer coisa... No entanto aquilo que mais Rodrigo temia aconteceu. Não havia cartas, bilhetes, mensagens, telefonemas, recados, nada de nada. Simplesmente sumiu levando consigo sua roupa e o Juliano, pois suas coisas também não estavam mais lá.
Até pensaram em seqüestro, algo do gênero, mas as provas eram as mais verdadeiras possíveis. Mel e Juliano foram embora sem dar satisfação para ninguém.
Mel e Caio se entreolharam em cumplicidade pelo amigo que parecia indignado com a situação. Eles mesmo ficaram sem entender como isso pôde acontecer, ou melhor, como ela pôde fazer isso com eles, principalmente Rodrigo que já sofrera tanto.
Rodrigo saiu daquele apartamento indignado, socou a sua porta assim que entrou. Como ela pôde fazer isso? Os dois tinham uma ligação. Ele prometeu que iria esperar o tempo certo para os dois ficarem juntos mesmo com as implicâncias do irmão. Será que Juliano havia feito a cabeça de Mel de tal forma que ela decidiu ir embora?
Rodrigo abanava a cabeça com os pensamentos que vinham sem parar. Indagações dúvidas e ressentimentos. Uma onda de dor do passado voltou à tona. Quando finalmente conseguiu acreditar em uma mulher, ela o trai dessa forma.
Deu um soco da mesa de novo, mas não deixou que uma lágrima caísse. Já sofreu por mulher uma vez e não iria acontecer pela segunda vez.
Dora e Caio vieram em seu auxílio vendo a fúria em seus olhos não disseram nenhuma palavra, apenas ficaram ao seu lado, como amigos leais, coisa que Mel não estava sendo ou talvez nunca tenha sido.
Será que ela foi capaz de ser tão falsa com ele? Rodrigo não cansava de fazer essa pergunta para si mesmo e estava decidido, iria arrancar tudo aquilo que fizesse o lembrar dela.
Então olhou para Dora pela primeira vez e seu coração acalmou-se. Era sua irmã, estava com ele, mesmo sendo estúpido no momento. Teria que contar a verdade. Não queria que ninguém senti-se a dor que o estava atormentando. Mas ainda se perguntava o que era o mau pressentimento que ele havia sentido na noite anterior?! Provavelmente a notícia que nunca imaginou receber.


Aquele dia tinha sido horrível. Apesar de Rodrigo ainda estar inconformado e doida com o acontecido, decidiu que isso não iria estragar a sua vida. Só por que pensou que era a mulher da sua vida? Errou em pensar isso, mas só de pensar em nunca mais a vê-lo começava a ficar deprimido. Mas era só lembrar o que ela tinha feito que a raiva começa a tomar conta do seu coração.
Rodrigo, Caio e Mel entraram numa cafeteria a duas quadras do prédio onde moravam. Era nova, nunca entraram ali. Decidiram ir nessa por que Rodrigo não queria nenhum contato com algo que envolvesse Mel.
Escolheram a última mesa, nem num cantinho onde podiam observar todo o movimento. Fizeram seus pedidos e enquanto esperavam Rodrigo perguntou, sem rodeios _ Vocês estavam juntos na noite passada?
Caio e Dora se entreolharam em silêncio, sem saber o que, como, e por onde responder. Antes que pudessem falar alguma coisa alguém se aproximou deles.
Rodrigo o observou vindo com receio e sua sobrinha tão linda no colo. Era a sua cara.
Respirou fundo, mantendo-se forte e levantou-se. Apesar da dor que Mel estavam lhe causando, tudo o que precisava era de sua família por perto, Caio, considerado um irmão, Dora, sua irmã e agora Robson, o irmão que há tanto tempo não abraçava.
Ficaram a poucos centímetros um do outro, apenas se olhando emocionados. Pois pela primeira vez Rodrigo abaixou a guarda e deu um passo em sua direção.
Robson não aguentou e abraçou fortemente o irmão. Era um abraço desesperador e necessário, era mais que um  pedido de perdão.
 Há mais de um ano separados pela dor e falta de perdão.Havia chegado o momento de conversarem pela primeira vez e o silêncio tomou conta, pois não foram necessário palavras, a cumplicidade do momento era perfeita para se entenderem. Rodrigo queria apenas estar com seus irmãos e nada além.
           


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